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Hollywood como instrumento de perpetuação de ideologias

    Hollywood é o melhor exemplo da industria cultural a funcionar, tratando a arte como um negócio e os filmes como mercadoria. Nesta, temos produtores, e pessoas influentes, com dinheiro à procura da ideia que lhe trará mais lucro, e esse lucro não significa apenas o retorno imediato do filme, mas que esse permita normalizar o sistema que defende, permitindo assim que continue a gerar e a acumular mais e mais lucro. Para que isso aconteça é transformada, quase como, numa linha de montagem em que chegam as ideias, estas são moldadas ao gosto de quem tem dinheiro e depois produzidas e distribuídas ao público. 

    O facto desta produção artística ser tratada como negócio elimina, em grande parte, a própria essência da criação artística, no sentido da criação de uma obra diferente do que já existe. Quando um filme é um grande sucesso e gera lucro, esse filme é transformado num molde que vai sendo copiado vezes e vezes sem conta, gerando, assim, o máximo de lucro para os investidores. Essa é a razão por que, muitas vezes, quando estamos a ver um filme temos a sensação de que já contemos a história. 
    Esta produção em massa é lucrativa pois o espectador torna-se passivo ao ver esses filmes, fica relaxado e entretido, e não tem de pensar para descodificar o filme. A repetição leva também a uma normalização (aceitação) dos ideais/situações exibidas no filme. 

    É neste sentido que esta produção em massa se torna perigosa, pois com produção em massa vem um consumo, também, em massa, e por isso, chamamos a esta indústria uma consequência do capitalismo, estas ideias vão se espalhando e se normalizando pelos espectadores, o que leva a uma uniformização do pensamento destes e incutindo-se, assim, na sociedade.  
    Existem imensas e as mais diversas ideologias e ideias promovidas por Hollywood, como por exemplo, o machismo, o racismo, o colonialismo, o neo-liberalismo, a ideia de que a inteligência artificial nos (humanos) vai tirar o trabalho (perpetuando a ideia de que Homem feliz é Homem trabalhador e que sem o trabalho o Homem não é nada), etc. Algumas mais características de umas épocas do que outras, mas todas elas, umas mais diretamente que outras, apoiam de alguma forma o capitalismo que não para de se auto-publicitar e elogiar.



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